Foi em 1944, por iniciativa do Grémio da Lavoura, então presidido por António de Almeida Brandão, que se organizou, pela primeira vez, a Feira das Colheitas. A 2.ª Guerra Mundial começava a fazer-se sentir e Portugal, apesar de uma posição neutral, não passou incólume. Eram tempos de privação, fome, preços elevadíssimos, sobretudo no chamado Mercado Negro. Em Arouca, procura-se contornar a crise, procurando, ao mesmo tempo, implementar medidas de fomento no que diz respeito à produção de cereais. É nesse contexto que surge aquele que é hoje o maior evento concelhio. Com o objetivo imediato de aumentar a produção, e com o apoio da Câmara Municipal de Arouca, a Feira das Colheitas teve o seu arranque com quatro concursos: Melhor Seara, Melhor Fruta, Melhor Adega e Melhor Linho. Foi também integrado na Feira o já criado Concurso da Raça Bovina Arouquesa, passando estes cinco concursos a ser o fundamento do certame.
Foi o concurso para Melhor Seara que despertou maior interesse, atingindo plenamente o fim pretendido: não só o aumento da produção, como também um intercâmbio de experiências entre os concorrentes, visitas às searas premiadas, debates entre produtores para o melhoramento de técnicas. Um concelho deficitário na produção de cereais passou, em alguns anos, a exportador.
Simultaneamente, foram promovidas uma Exposição Agrícola e uma Exposição de Artesanato, iniciativas que despertaram grande interesse, e que, desde então, têm evoluído, adaptando-se aos tempos atuais
Recuperaram-se também tradições populares e práticas agrícolas a cair em desuso como as desfolhadas, as espadeladas e as ceifas, com os seus cantos e gestos particulares. Procurou-se igualmente revitalizar o folclore local, que passou a constar também do programa da Feira das Colheitas.
Com base no conhecimento dos usos e costumes que os mais velhos das aldeias e lugares possuíam, cinco grupos de outras tantas freguesias, deram corpo à primeira manifestação desta ressurreição do folclore local. Santa Eulália, Chave, Rossas, Moldes e Canelas foram os primeiros grupos que se organizaram para a Feira das Colheitas. A partir de então, novos grupos foram surgindo um pouco por todo o concelho, ao ponto de, hoje, haver um dia inteiro dedicado ao folclore arouquense, oferecendo o palco aos ranchos locais. Os costumes, as danças, os cantares e os trajes têm-se preservado, em boa parte graças a este certame.
Nas primeiras edições, foi também incluída uma vertente mais religiosa, sobretudo com a Bênção dos Campos e do Gado e o famoso Cortejo dos Açafates, entretanto recuperado.
A Feira das Colheitas tem procurado adaptar-se à evolução dos tempos, com a incorporação de novas atividades, sem perder a sua matriz essencial.